quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Que se dane

"Cheguei cedo demais", pensei. Faltava 1 hora para que eles saíssem do colégio e eu já estava no portão esperando. Claro, eu não iria ficar apenas sentada esperando que eles saíssem, e não tinha nenhum outro lugar que eu pudesse ir enquanto isso. Eu só tinha uma opção: o livro dentro da bolsa. Está aí um ponto positivo de ser leitora.
Certo, o livro não diminuiu minha ansiedade, uma vez que eu conferia a hora a cada 2 minutos e achava que o tempo passava cada vez mais lentamente. Que tortura é ter que esperar. Mas me segurei. Não tinha mais nada o que fazer. Tentei ler e não olhar a hora por um tempo.
Quando os últimos minutos de espera chegaram, eu já não conseguia mais ler. Desisti. Não tinha lugar na minha cabeça para outras coisas. Eu só pensava na droga do sinal que não tinha tocado ainda. "O que eles têm contra tocar o sinal 5 minutos antes da hora da saída?" Mas, finalmente, o sinal tocou.
Esperei, esperei, esperei... Muitas pessoas saíram. Um mar-de-gente. Mas não vi rostos conhecidos. Quando a angústia ameaçou tomar conta de mim, eu ouvi um grito. Mas não um grito qualquer. Era um grito familiar. Ela veio correndo e se jogou em cima de mim. Saudade.
Depois dela, outros vieram. Outros me abraçaram. Senti muita falta de todos. Mas um em especial, me fez quase morrer de saudade. Enquanto me abraçavam, todos sussurravam coisas no meu ouvido: o tanto que me amavam, o quanto sentiram a minha falta... Mas quando ele me abraçou, palavras não foram necessárias. Só de estar ali, abraçada com ele, e ele abraçado comigo. Aquilo já era o suficiente. Palavras certamente estragariam aquele momento. Embora tivessem outras dezenas de pessoas em volta, observando o nosso momento, o momento era só nosso. Dane-se as pessoas em volta. Dane-se os olhos atentos. Dane-se essa coisa toda. O que importava era apenas o cheiro dele e seus braços apertando forte a minha cintura. E o resto? Que se dane.

Nenhum comentário:

Postar um comentário