terça-feira, 24 de junho de 2014

Criatividade...

Minha criatividade é como a maré. Tem períodos de cheia e períodos de seca. É inconstante, volúvel, imprevisível. Nunca se sabe quando deixará meu solo fértil.
- The Drama Queen
"A minha criatividade está mais para chuva de verão. Só vem na hora errada."
- Ingrid Condal
"Minha criatividade é como a onda. Cresce e logo some."
- Lucas Abelhas
"Minha criatividade é que nem comida. Quando eu vou pegar já acabou"
- Laríssa Colonia
"Minha criatividade é igual o meu dinheiro, vai e parece que não volta nunca mais."
- Matheus Hiuri

segunda-feira, 23 de junho de 2014

As únicas loiras não-vacas



As conheci há uns poucos episódios, há algumas poucas temporadas. Os episódios em que apareceram também foram poucos. E, em poucos episódios, em apenas alguns minutos, eu amei essas personagens. Duas loiras, mãe e filha, que um dia perderam um pai, um marido, para a caça. Duas mulheres, guerreiras, caçadoras. Destemor era o seu sobrenome. Posso dizer muitas coisas ótimas sobre elas, mas a verdade é que nada chegará nem perto do que elas são, nem da homenagem que elas mereciam. Lutaram bravamente até a morte. E sua morte não foi em vão, foi em sacrifício.
Dói saber que ela, a Jo, minha loirinha, sofreu antes de morrer. Mas me enche de orgulho saber, que ela teve coragem para se voluntariar para o sacrifício que era necessário para a permanência da vida dos demais. Pode parecer idiota de se dizer isso num texto de luto, ou até insensível, mas é a minha opinião: eu torcia para que ela ficasse com o Dean. E, nossa, quando ele a beijou pela primeira e última vez eu… Eu não tenho palavras para definir o que eu senti. Eu só consegui chorar e chorar. E até esse momento, minhas lágrimas molham o teclado do meu computador.
A parte mais deprimente, no meu ponto de vista, é o fato de eu já saber que ela iria morrer muito antes de isso acontecer. E eu não estava preparada quando o momento chegou. Quando o Cão do Inferno a atacou eu disse para mim mesma: relaxa. Respira. Não chora ainda. Ela não vai… Não pode morrer agora. Não agora. E eu acreditei naquelas palavras mentirosas que eu mesma proferi.
A Jo, desde o primeiro momento em que a vi, quando ela socou o nariz do Dean, ela passou a ser minha personagem preferida, não só da série, mas num geral. Você pode me xingar, me chamar de louca ou cega, dizer que eu tenho um péssimo gosto para personagens e que existem personagens melhores do que ela. Eu vou te responder com um curto e simples: DANE-SE! Ela ainda é minha personagem preferida. Não sei até quando vai ser (admito: sou muito volúvel em relação a personagens preferidos), mas ela ainda é. Desde sempre, eu vi, acho que todos viram, o quanto ela amava caçar, o quanto ela desejava fazer aquilo. E isso era simplesmente incrível! Eu admirei essa loirinha em cada palavra que ela dizia, em cada ação que ela praticava, em cada decisão que tomava, por mais estúpidas que fossem. Ela sabia o que queria, lutou por isso e no fim, conseguiu, e morreu fazendo aquilo que amava, ao lado de quem amava.
E assim entramos na tia Ellen. Sim, eu a chamo de tia. Minha tia linda e mal-humorada Ellen. Não quero fazer um discurso feminista aqui, mas a Ellen é um exemplo de que a mulher não é nem um pouco sexo frágil. Seu mal-humor constante é sua marca, seu destemor, sem cartão de visita, sua bravura, sua qualidade mais valiosa. Vou confessar uma coisa: quando o Roadhouse foi destruído eu chorei (eu choro o tempo todo. Acostume-se). Eu pensei que ela tivesse morrido. E, embora não tenha sido tão horrível quanto assistir a Jo morrer, eu sofri com a “morte” dela. Desde que seu marido morreu, tia Ellen cuidou de Jo e tentou a proteger desse mundo de caça, o que não adiantou muito.
Não adianta, todos os caminhos nesse texto levarão de volta a Jo, porque, por mais que eu goste ou ame a tia Ellen, eu sofri pela Jo. Lamentei pela Ellen ter perdido mais alguém para essa vida terrível e por ter assistido a morte dela. Mas a Jo… Ah, a Jo tomou a difícil decisão de acabar com a própria vida para salvar a dos outros. E, bem, ela era minha loirinha. Às vezes, acho que não sofri o bastante por ela. Agora mesmo, minhas lágrimas já secaram. Minha cabeça e meus olhos ainda doem, meu rosto está inchado, mas, nada de lágrimas. Creio que elas tenham cessado, que já tenha acabado o líquido do meu corpo, se é que isso é possível. Enfim, eu nunca senti que sofri o suficiente por um personagem, e acho que a Jo e a tia Ellen não serão uma exceção a essa regra.
Agora, para encerrar esse texto de uma vez, quero citar as palavras do título, a frase completa: Jo e Ellen são as únicas loiras não-vacas da série. Nesse momento, já sem lágrimas, concluo esse texto, com o coração em prantos. Não sei quanto tempo esse luto vai durar. Talvez seja momentâneo, talvez seja para sempre. Mas, de qualquer forma, eu senti, mesmo que por um breve momento, que o meu mundo realmente estava acabando, porque elas se foram.



domingo, 22 de junho de 2014

Meu canto

Se eu soubesse que a dor da perda era tão grande, eu nunca teria saído do meu canto.
Antigamente, eu vivia num canto. O meu canto. Esse canto falava comigo. Ele dizia, não que as pessoas eram más, mas que a vida era má. Dizia também, que eu se eu me fechasse, não interagisse, não fizesse amigos, teria uma chance de ser feliz. Eu sempre escutei e obedeci ao meu canto, eu fazia tudo o que ele dizia e tudo sempre correu muito bem para mim. Claro, tinham uns probleminhas aqui e ali pelo fato de eu sempre estar sozinha, mas solidão nunca foi um problema. Houve uma época em que eu até gostava dela. E ainda gosto. Até que um dia, eu conheci umas pessoas. Essas pessoas eram diferentes de todas que eu já tinha conhecido. Por muitas vezes eu pensei: por que não dar uma chance a elas,a vida? Mas a voz do canto viva ecoando em minha mente, e não me deixava esquecer de que eu era mais feliz assim. Eu me forçava a acreditar naquilo.
Um dia eu não aguentei. Eu os vi juntos, brincando, rindo. E eles me chamavam para fazer parte daquilo. O canto gritava em minha mente: não vá. Não vá. Resista! Mas eu não queria resistir. Eu queria saber como era a vida social, pela primeira vez na minha vida. Então, simplesmente ignorei a voz do canto e o abandonei.
No início, eu me senti desprotegida. Claro, eu estava me lançando  sorte, estava saindo do meu "porto seguro", explorando um terreno jamais explorado por mim. Estava me lançando nas da vida. Mas, com o passar do tempo, eu me acostumei e comecei a gostar desse novo estilo de vida: sempre cercada de gente, rindo, brincando. E, pela primeira vez, eu estava com pessoas loucas como eu. Eu não poderia estar mais feliz. "Quem diria", eu pensava, "largar o canto foi a melhor coisa que eu poderia fazer".
Eu não poderia estar mais enganada.
Enquanto estava com aquelas pessoas, fiz e vivi tudo o que uma adolescente normal deve viver: briguei, me reconciliei, me apaixonei, me iludi, sofri, superei. E tudo isso com elas, aquelas pessoas maravilhosas que me fizeram abandonar meu canto. Aquele que mentiu para mim o tempo todo, que me privou dessa felicidade.
Mas, como toda história bem escrita, essa também tem uma reviravolta. Sabe a vida? Sim, aquela que me deu essa vida, essas pessoas, essas coisas, todas elas. Ela me tirou tudo de uma vez só. Fez o meu mundo desmoronar, e aquela vida que eu tinha, acabar.
Hoje, eu não tenho mais nada. Tudo e todos estão distantes, muito distantes de mim. Tudo o que me restou foi voltar para o meu canto, aquele que, mesmo sem eu acreditar, tentou me proteger do sofrimento da perda.
E agora, volto a dizer as palavras ditas no início desse texto: se eu soubesse que a dor da perda era tão grande, eu nunca teria saído do meu canto.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Amianto

- Moça, apenas me escute, por favor. - o homem calmamente disse pelo telefone. - Eu não tenho nada o que escutar. Acabou. - ela disse, o impedindo de continuar falando. Sua voz embargada e falha por causa do choro. - Tudo bem. Tudo bem. - ele mantinha a voz num tom reconfortante e a respiração controlada, como fora instruído. - Você pode me contar o porquê de estar fazendo isso? - Não vejo como isso vai ajudar. - Acredite em mim. Às vezes, falar é tudo o que precisamos. - ela suspirou. Uma brisa de verão bagunçou seus cabelos cor-de-cobre. Ela olhou para baixo. Dezenas, talvez centenas, de pessoas a olhavam e diziam coisas umas para as outras. Coisas que ele não podia ouvir, pois estava na sacada de seu prédio, no 20° andar. O homem, embora nervoso, não insistiu em seu pedido. Esperava que ela quebrasse o silêncio, pois sabia que era um momento difícil para a mesma, e não podia pressioná-la a fazer nada. Teria que fazer tudo com a maior calma e paciência possíveis. - São muitas coisas. - ela disse finalmente. - Quer dizer, sempre foram muitas coisas. Mas parece que tudo resolveu pior de uma vez só. Essa frase o fez lembrar de uma frase que leu em um livro: “o universo quer ser notado”. Ele pensou em citar a frase, mas achou melhor não interromper. - As coisas ficaram realmente ruins - ela continuou - quando eu me mudei para esse apartamento: meu pai, que estava mal há bastante tempo, descobriu que tem câncer, perdi meu emprego, meu namorado terminou comigo, estou cheia de contas pendentes e prestes a ser despejada. E isso é só a ponta do iceberg. - sua voz saía ainda mais embolada agora que as lágrimas caíam freneticamente. - Entendo perfeitamente, mas… - Entende? - ela perguntou sarcasticamente. - Você não passou pelo que estou passando para entender metade do que estou sentindo. - O homem respirou fundo pelo nariz e soltou todo o ar pela boca. - Se me permite perguntar, quantos anos a senhorita tem? - ele indagou após alguns segundos de silêncio. - Vinte… Vinte e três. - gaguejou. - Moça, pela estrada que você está passando, eu já fui e voltei várias vezes. Sei bem o que está sentindo. - E conseguiu enfrentar tudo isso com essa calma? - ele soltou um risinho fraco. - Não. Claro que não. Eu sou ser humano, assim como todo mundo, moça. Teve momentos em que eu me desesperei, mas eu não desisti tão fácil. Eu lutei e consegui vencer. - Isso está parecendo discurso para pessoas deficientes. - ambos riram. - Mas, de qualquer forma, eu não sou tão forte assim. Não sou forte o bastante para lutar contra o universo. Não sozinha. - Por que não conta com seus amigos. sua família? - Que amigos? Que família? - ela disse. Pela sua voz, era perceptível que havia recomeçado a chorar. - Eu perdi todos. O homem pensou por um momento. Sabia que o que estava prestes a dizer, por mais que fosse verdade, soaria estranho. E ele não queria assustá-la. Mas, mesmo assim, disse: - Você tem a mim agora. A menina ficou surpresa, claro. Ele era um completo desconhecido. Era apenas um homem fazendo seu trabalho: impedí-la de se matar. Em nenhum momento passou pela sua cabeça que, talvez, ele dissesse isso para todos que tentasse salvar. Não, ela não se importava que não fosse a única que ouviu aquelas palavras. Ela só se importava com o fato de ter recebido aquelas palavras. Mas, ainda assim…: - Isso não importa agora. - Moça, me… - Não. Me desculpe, mas eu não posso continuar com isso. - Só me escuta, por favor. Desce daí, deixa eu te levar pra um café. Prometo te ouvir e tentar te ajudar no que eu puder. A menina sorriu em meio as lágrimas. Era tão bom sentir-se importante para alguém. Por um momento pensou que a vida poderia ser diferente, melhor. Mas esse momento foi breve demais. - Promete que se lembrará de mim? - ela perguntou. - Não. Espera, por favor. - Promete? Ele não conseguiu dizer mais nada. Sua garganta estava fechada, seus olhos ardiam e sua respiração ficou desregulada. Ele sabia que tinha perdido mais uma pessoa. - Prometo. - Não fique triste, moço. Todos vamos cair um dia. Tudo o que ouviu depois disso foram gritos ao longe e um barulho parecido com o que ouvímos, quando colocamos um microfone em frente a um ventilador ligado, ou com um celular em queda livre. Mas, da parte da menina, não se ouviu nenhuma grito, nenhum gemido, nada. Ouviu um barulho de sirene e, logo após, algo como um baque. Então ele soube que ela já não estava mais aqui.

Conto baseado na música Amianto - Supercombo. Postado também em: http://www.wattpad.com/55166562-just-words-amianto.
Meu perfil: http://wattpad.com/thedrama-queen